A história da igreja catedral metropolitana de Fortaleza narrada com tom de humor típico dos cearenses e gírias do “cearês”.
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A primeira igrejinha ali construída na “Vila de Fortaleza” foi dedicada à Nossa Senhora do Amparo em 1612, bem “pichototinha“, em taipa, ao lado do antigo Forte de São Sebastião, mas destruída em 1637 pelos holandeses… Dá dó só em lembrar!;
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Na década de 1820, no mesmo lugar, depois dos portugueses botar esses holandeses pra “pegar o beco“, foi iniciada a construção de um templo em alvenaria, que levou mais de trinta anos para sua conclusão (1854) e foi denominada de “Sé”. Demorou beeeeeem mais que esse auxílio emergencial do governo;
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Novamente, em 1938, a antiga Igreja da Sé (foto 1) foi totalmente demolida com autorização de Dom Manuel Gomes, primeiro arcebispo, desta vez por apresentar grandes rachaduras desde suas bases, gerando muitas polêmicas. Sabe como é cearense rsrsrs;
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No dia 15 de agosto de 1939 (dia de Nossa Senhora da Assunção, padroeira de Fortal), foi lançada a pedra fundamental para a construção da nova catedral, com o projeto do engenheiro francês Georges Mounier. Aí Fortaleza ficou “toda besta“, afrancesada no bonjour, mas sem fazer biquinho. Havia um projeto original que diferia um tanto da atual construção, mas tem nada não! Há um ditado popular em Fortaleza quando alguém ou algo demora muito, quando se diz “demora mais que a Sé“, fazendo referência aos minuciosos 40 anos de sua (re)construção;
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Sua arquitetura tem projeto de estilo eclético, com predominância de elementos neogóticos e românicos, com referências às catedrais de Colônia (Alemanha) e Chartres (França). As suas torres atingem 75 m. de altura, a gente fica até tonto quando olha de baixo pra riba. Até hoje, tem gente que diz que esqueceram de pintar kkkkkkkkk;
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No centro do presbitério, encontra-se o altar-mor trazido de Verona, Itália. Outro grande destaque de beleza são seus vitrais. É tanta boniteza que a gente fica “abestaiado“, vai no Centro pagar conta e dá aquela passadinha pra matar a saudade e tirar aquela foto pra ostentar nas redes sociais;
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Ela é a única igreja catedral que, desde sua inauguração, consagrou um espaço à juventude, especificamente em sua cripta, em 1962, conhecida como a “Cripta dos Adolescentes”, como foi denominada por D. Antônio de Almeida Lustosa, arcebispo da época. Assim, homenageia, em seis altares, santos que morreram na adolescência: Tarcísio, Domingos Sávio, Pancrácio (nome pra vocês colocarem nos meninos!), Luzia, Inês e Maria Goretti. Quem gosta de relíquias, corre pra visitar e rezar (quando essa pandemia passar, claro!). No altar central da Cripta, está a imagem de Jesus adolescente, de braços abertos, expressando o acolhimento a todos os que visitam esta Igreja. Pense numa igreja de rosto jovem é a Arquidiocese de Fortaleza!!! A cripta foi reinaugurada em 9 de julho de 2011, e ficou só o mii;
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Na Cripta ainda encontramos a “Capela do Cristo Ressuscitado” onde estão sepultados bispos e padres influentes na história dessa igreja. Local de muito silêncio e respeito, nada de selfies engraçadinhas, okay!?;
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É a terceira maior igreja catedral do país, ficando atrás apenas do Santuário Nacional de Aparecida (também aí já é querer demais!) e da Catedral Metropolitana de São Paulo, com capacidade para abrigar cinco mil pessoas. Mas a gente sabe que cabe muuuuuuito mais: vai numa ordenação de nossos padres, pra tu ver! Rsrsrs. Agora no Brasil tá maior moda, uma disputa de quem faz o maior templo, mas a gente sabe que a verdadeira catedral é o povo de Deus, do Papa ao mais esquecido dos seres humanos [momento teológico ] ;
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Na Quarta-feira de Cinzas (26/02/2020), Dom José Antônio, atual arcebispo, anunciou que foi encontrada uma relíquia da Santa Cruz de Cristo, vinda de Roma em 1928 (há quase 100 anos!), com certificado e tudo, à época entregue ao primeiro Arcebispo de Fortaleza, Dom Manuel da Silva Gomes. Fortaleza só não dominou o mundo porque cearense não é egoísta!!! [risos].
Reforço que tanto a arquitetura antiga como a nova são belas, dignas e trazem uma história, cada uma com seu contexto, cercadas de significados e motivações… Mas pelo pouco que vimos em alguns ocorridos, pode-se perceber o quanto Fortaleza em geral ainda está aquém do zelo pelo seu patrimônio histórico e cultural… Há omissões, descuidos, amnésia… É preciso ativar a memória para reconstruir nossa história. Povo sem passado: povo sem futuro. A história é a verdade de um povo, quem não tem passado nunca existiu.
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Texto e culpa: Narcélio Lima
Fontes consultadas: sites “Fundação Joaquim Nabuco”, “Arquidiocese de Fortaleza” e “Blog Ancoradouro”.
Imagens: “Pinterest” e “Fortaleza em Fotos”.